Ontem li esse artigo no Diario de Pernambuco e achei que deveria compartilhar com vocês.
"Eu daria tudo que tivesse, pra voltar aos tempos de criança" assim começa Ataulfo Alves sua magistral música, encerrando de forma mais bela ainda quando diz "eu era feliz e não sabia". Não é saudosismo, é que o tempo era melhor. Quem não se lembra das nossas festas de aniversário na infância, nos quintais de nossas casas, tendo como atração final o "quebra panela" com muitos confeitos na panela de barro embrulhada em papel celofane. Quem não marcou a cara do parente que em vez de nos dar um brinquedo nos presenteava com uma roupa. Qualquer brinquedo servia e nenhuma roupa prestava. Como era gostosa a alegria da meninada jogando bola, brincando de pega e voltando para casa imunda, direto para o chuveiro, e se em dias frios para o banho de cuia do caldeirão de água morna. Chuveiro elétrico? Pois sim! O bolo de aniversário era confeccionado em casa mesmo. Sempre em cada residência havia uma Zefa ou Maria com habilidades suficientes para fazê-lo. Às vezes umatia especialista. O convite era de boca e o aniversário não era temático. Felizmente não se conhecia Ben 10 e os nossos heróis se limitavam aos Gibis e seriados do cinema. Hoje em dia frequento aniversários dos meus netos e dos meus clientes que são umas festas rigorosamente iguais. Três mil bolas, cinco mil bolas, um animador que encontro em vários deles, o canto de parabéns agora com "mãozinha pra cima" e o intolerável "ei" após cada verso. Parabéns pra você "ei" nesta data querida. Fotógrafos, vídeos, bufês com mesas e cadeiras ocupando todo o espaço e brinquedos que rodam, viram de cabeça pra baixo, trenzinho que entra e sai na casa de festas, que jun to a uma música atordoante completam o cenário. Ah! Esqueci da piscina de bolinhas. Questiono se essas festas ficarão na lembrança das crianças, e não estarei mais por aqui para saber a resposta quando elas forem adultas.
Mas o que mais me impressiona e essa é a razão maior desses comentários é o espetáculo de destruição do cenário no fim da festa. De repente, e não mais que de repente aquelas bolas que no início da festa representavam em minha opinião uma obra de arte cuidadosamente preparada por uma enorme equipe de artesãos, passa a ser atacada com palitos que antes eram das coxinhas de galinha, e começa o pipoco geral. Elas são arrancadas das paredes e pisoteadas até serem completamente destroçadas. Parece-me um espetáculo de vandalismo explícito, não muito diferente no futuro de uma pixação ou da destruição de um monumento público. Por que não deixar a decoração como foi encontrada? Por que não dar as bolas para crianças pobres brincarem? Garanto que elas as guardariam com o maior zelo e chorariam de pena quando murchassem.
As festas infantis estão globalizadas. Proliferam bufês em todos os bairros pela falta dos velhos quintais e a impossibilidade de fazê-las dentro de apartamentos. "Ai que saudades que eu tenho da aurora da minha vida".Por Fernando Azevedo // Pediatra
3 comentários:
Pensei numa festinha assim para minha filhota de um aninho. Passei por Recife de férias e não deixei de comprar o seu vestidinho na Mercatore, pois estas roupas dão um ar de coisa antiga! A festa foi uma graça e o vestido casou muito bem com a ocasião! Abraços
Ceci, muito legal a matéria.
Muita saudade do meu tempo de quebra panela; o entre e sai em casa com toda família nas preparações e avó pilotando as panelas com docinhos e todo carinho ao enrolar cada beijinho, brigadeiro e cajuzinho, enquanto os pequenos ansiosos para raspar a panela; da língua de sogra, enfim...
hoje é personalização-padronização para tudo, seja Ben 10, Patati Patatá, Hanna Montana ou qualquer outra modinha infantil.
Beijos, Gabi
Ceci,
Passo por aqui de vez em quando, adorei o texto!
bjs
Lucinha
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